Entendendo as novas economias com a Fluxonomia 4D

Criatividade, cooperativismo e sustentabilidade.
Da forma como percebemos, esse é um excelente tripé para criarmos o futuro da economia pós-moderna. Com isso em mente, elaboramos um artigo sobre o tema. Afinal de contas, você sabe o que é a Fluxonomia 4D? Caso não, sem problemas!

Como perceberá nesta leitura, este é um tema com mais de 40 anos, e que vem ganhando cada vez mais tração nos últimos 5 anos. O nosso objetivo é apresentar o excepcional trabalho da Lala Deheinzelin (conheça a Lala em 1 minuto). Com uma trajetória rica e impacto global, Lala vem sistematizando seus conhecimentos num sistema de gestão de processos para as mudanças de modelos socioeconômicos do século XXI, uma metodologia baseada em Estudos de Futuro e 4 Novas Economias (Criativa, Compartilhada, Colaborativa, Multimoedas), que denominou Fluxonomia 4D. Então, não perca tempo e acompanhe!

O que é a Fluxonomia 4D?

Tanto o futuro como a economia sempre foram temas curiosos e interessantes. No entanto, o avanço exponencial da tecnologia dificulta a previsibilidade desse amanhã. Por isso, há tanto interesse em torno dos futuros modelos econômicos, que sugerem e como será a dinâmica entre países, empresas e consumidores.

Nos últimos anos, quatro tendências econômicas ganharam a atenção do debate público. Aqui, falamos da economia criativa, da colaborativa, da compartilhada e do multivalor. O maior catalisador para todas essas tendências foi, claramente, a tecnologia.

Nos últimos 10 anos, o mundo atravessou revoluções de conveniência, como o compartilhamento de caronas, que reinventou a mobilidade urbana, a locação imobiliária P2P, que abalou o setor da hotelaria, e muitas outras alternativas que favoreciam a experiência em detrimento da propriedade.

Não por acaso, há uma aceleração de negócios e iniciativas de faturamento recorrente, em que uma assinatura mensal garante o acesso aos produtos e serviços. Esse tipo de abordagem econômica, pelo que tudo indica, veio para ficar, seja no consumo de ferramentas tecnológicas, mídias, serviços digitais e por aí adiante.

Inclusive, essa transformação pode ser vista até mesmo em empresas de segmentos e modelos altamente tradicionais, como o automotivo. Até meados de 2019, o “business model” desse setor, como um todo, consistia na venda de veículos com uma margem ligeiramente superior ao seu custo de desenvolvimento e fabricação.

No entanto, montadoras de todos os tamanhos, desde então, vêm investindo em programas de assinatura para o uso de seus modelos. Especificamente no Brasil, essa tendência foi uma reação às próprias empresas de locação, que vinham conquistando bons resultados com esse molde operacional.

 

 

 

Quais as Dimensões da Fluxonomia 4D?

Economia criativa, compartilhada, colaborativa e multivalor. Essas são as dimensões que compõem a Fluxonomia 4D, tese que sugere uma economia cíclica, em um fluxo contínuo entre essas quatro dimensões, que se retroalimentam, criando um ambiente de produtividade sustentável ambiental, social e corporativo.

Abaixo, destacamos cada uma das dimensões do fluxo. Dê uma olhada!

A Fluxonomia, proposta por Lala Deheinzelin, busca romper com o modelo de uma antiga economia que produz valor de maneira limitada, pois considera apenas a produção de valor a partir do consumo do que é tangível. Dessa forma, gera valor de maneira linear, escassa e não sustentável. A Fluxonomia propõe uma visão multidimensional de riqueza, denominada Economia 4D, que considera recursos e resultados nas quatro dimensões da sustentabilidade. Isso significa não apenas na dimensão financeira e tangível, mas também nas dimensões ambiental, social e cultural. Surge assim a Fluxonomia 4D, com suas quatro dimensões econômicas definidas como economia criativa, economia compartilhada, economia colaborativa e economia multivalor.

A tese nos permite explorar as possibilidades de produzir valor de forma exponencial a partir da integração dessas 4 dimensões que compõem a Fluxonomia 4D. A relação harmônica entre essas 4 Dimensões é o que promove um fluxo contínuo que se retroalimenta, criando um ambiente de produtividade sustentável que integra e gera valor para todos os envolvidos.

 

Abaixo, destacamos cada uma das dimensões do fluxo. Dê uma olhada!

 

Economia Criativa

 

A economia criativa se baseia na produção de valor exponencial, pois não se esgota com o uso; pelo contrário, quanto maior o uso, maior é o valor. Esse modelo de economia intangível está presente em toda a produção cultural de um país, organização ou comunidade. Essa produção intangível não deve ser pensada apenas como produção artística, mas sim como toda produção cultural. Lala, em entrevista para Wickbold, exemplificou a produção de valor intangível a partir da economia criativa da seguinte forma: ‘A economia criativa é um conceito que vai além da indústria criativa. É a percepção de que qualquer tipo de empreendimento pode produzir valores intangíveis. Por exemplo, se você produz ovos, seus ovos são comuns; eles não têm um valor especial. Mas se você faz o “ovo da galinha feliz”, seus ovos serão desejados por esses atributos intangíveis.’ (LALA, 2017. P.1)

 

Ainda em sua entrevista, Lala aponta para o uso da economia criativa pelo Reino Unido durante os anos 90 como forma de produzir valor e sair de uma grave crise econômica e política. Na atualidade, ela também destaca países como a China, que estão aplicando esse modelo de economia exponencial, não apenas investindo em tangíveis (infraestrutura).

 

Economia Compartilhada

 

Essa já é uma tendência global, a economia compartilhada consiste no consumo de bens e serviços por meio de trocas e compartilhamentos, sendo exponencial através da partilha de recursos tangíveis que, de outra forma, seriam consumidos linearmente, gerando valor para uma série de agentes de forma colaborativa.

 

Para se ter uma ideia, a economia compartilhada já movimenta cerca de US$ 15 bilhões anualmente, segundo um estudo divulgado pela consultoria PwC. A mesma pesquisa apontou que esse sistema responderá por cerca de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) do país até 2025.

 

Consumir de forma sustentável vem se tornando cada vez mais uma necessidade, tanto para a sociedade quanto para o próprio mercado. Na economia compartilhada, o foco está nas pessoas e nas relações geradas a partir dessas trocas. Enquanto na economia tradicional possuímos uma estrutura baseada em cliente/fornecedor e produtor/consumidor, na economia compartilhada os papéis são ambivalentes e mutáveis; os agentes são conectores, garantindo o fluxo dos recursos; as transações são customizadas e há criação de relação pessoal. Isso faz com que essa se torne uma opção atraente e viável, tanto para quem consome como para quem oferece um bem ou serviço.

 

Economia Colaborativa

 

Gera valor através da ação em ecossistemas e ambientes organizacionais aderentes às novas formas de gestão. Utiliza recursos sociais que juntam e organizam o coletivo e recursos políticos que informam e regulam o coletivo. É exponencial porque pode coordenar micro ações autogestionadas através de ferramentas para convergência. Não apenas bens tangíveis podem ser compartilhados, pessoas com interesses semelhantes estão se reunindo para compartilhar e trocar ativos menos tangíveis, como tempo, espaço, habilidades e valores, onde a motivação pode variar da economia de dinheiro ao ato de ganhar dinheiro, da conveniência a conhecer amigos, de economizar espaço a economizar tempo, onde a sustentabilidade acaba sendo uma consequência.

 

O Catarse foi a primeira plataforma de crowdfunding do Brasil, fazendo parte da economia colaborativa do país. Em 2014, chegou a movimentar mais de R$ 8,5 milhões para a realização de mais de 570 projetos. “Atualmente, as plataformas de financiamento coletivo são consideradas uma alternativa econômica para impulsionar a criação de novas empresas no Brasil” (RODRIGUES, M. 2013).

 

Economia Multivalor

 

O multivalor é gerado/produto justamente da combinação destas 4 economias em fluxo. Economia Criativa gera valor através dos patrimônios intangíveis, que combinados com os patrimônios tangíveis acessíveis a partir das tecnologias digitais na Economia Compartilhada, resultam na Economia Colaborativa. Ao conectar iniciativas pequenas e diversas a partir das duas primeiras economias, geram-se valores 4D, que resultam na Economia Multivalor e, assim, sucessivamente. Ou seja, o valor aumenta no fluxo e é exponencializado quando o fluxo é 4D.

 

Economia criativa

A premissa é Conhecer e Comunicar. 

 

É exponencial porque esses recursos intangíveis não se consomem, mas se multiplicam com o uso.

 

Economia compartilhada

Gera valor otimizando recursos tecno-naturais disponíveis, indo do POSSUIR ao USAR.

 

Tornou-se exponencial através do uso do efeito das redes conectando e compartilhando o disponível. 

 

Economia colaborativa

Gera valor através da ação em ecossistemas e ambientes organizacionais aderentes às novas formas de gestão.

 

Integração entre diferentes empreendimentos e iniciativas econômicas, que permitem melhor distribuição de recursos, talentos e resultados.

Economia multivalor

A premissa é Circular os recursos 4D disponíveis e Creditar (sistematizar) os resultados 4D Gerados.

 

Circulação de recursos e produções de todos os tipos, e não somente financeiros, resultando em um ecossistema econômico, eficiente e sustentável.

Como ocorre o fluxo nesse conceito?

Em um primeiro momento, pode soar estranho como essas ideias podem se conectar para resultar em apenas um conceito, no entanto, o fluxo de produtividade e recursos entre essas quatro dimensões é bastante visível. Primeiro, há a Economia Criativa, que cria valor a partir de recursos intangíveis.

Aqui, você pode incluir influencers, artistas, programadores e por aí adiante. Todo o capital criativo produtivo na primeira etapa, desemboca no consumo dos patrimônios tangíveis da Economia Compartilhada. Imagine, um programador que, depois de remunerado, utiliza aplicativos de carona para se mover pela cidade.

Ou então um fotógrafo que quer melhorar seus trabalhos, mas ainda não tem recursos para comprar certo dispositivo. Em uma plataforma de locação (Economia Compartilhada), ele aluga o equipamento, acessando a tecnologia, aprimorando seu trabalho, e aumentando seu retorno na Economia Criativa.

Inclusive, esse próprio exemplo ilustra a Economia Colaborativa, que é a criação de plataformas, soluções e ferramentas que permitam às pessoas e empresas a alavancarem seus resultados, acessando e compartilhando tecnologias, sejam materiais ou imateriais — hardware e software.

O resultado dessa sinergia é uma cadeia produtiva altamente cíclica, e de baixo consumo material, a Economia Multivalor. Inclusive, a própria proposta do Metaverso, que aponta para uma instância digitalizada da vida física, já nos sugere mais um ambiente em que a criação digital será supervalorizada.

Nesse sentido, o mérito do conceito de Fluxonomia 4D foi apontar que há uma relação cíclica entre essas quatro tendências, que tendem a aumentar exponencialmente seus resultados e produções conforme se retroalimentam.

 Você também pode levar esses conceitos e produzir mais valor no seu dia-a-dia através dos nossos workshops e trilhas de desenvolvimento. Conheça aplicações práticas e aderentes à sua realidade.

 

Fonte: Renato Gonzaga e time G364º, adaptação de Novas economias viabilizando futuros desejáveis, Lala D. e Dina Cardoso, editora 4D Press